Opening com a presença do artista e curador - Claudia Kiatake e Allan Yzumizawa
sáb., 19 de ago.
|Barra Funda
Opening da exposição de Claudia Kiatake "Aidagara: o entrelugar". Com a presença da artista e do curador.


Hora e local
19 de ago. de 2023, 19:00
Barra Funda, R. Lavradio, 556 - Barra Funda, São Paulo - SP, 01154-020, Brasil
Sobre o evento
A exposição individual de Cláudia Kiatake traz um panorama da pesquisa poética que a artista realiza desde 2013, com desdobramento em trabalhos que presentificam e sintomatizam o entrelugar identitário que ela ocupa. Tendo descendência uchinanchu, povo originário de Ryukyu (ilha de Okinawa, Japão), Kiatake resgata diversos elementos de sua ancestralidade e os atualiza de maneira a recriar sua própria existência.
Observamos, em grande parte de sua produção, a presença dos papéis washi, da tinta preta do sumi, além de composições e formas que fazem referência às produções visuais japonesas, a exemplo da espacialidade compositiva do vazio. Entretanto, esses elementos coexistem com as formalidades expressivas de gestos viscerais como o fogo, que a artista utiliza em muitos de seus desenhos, e da adição de outros materiais, proporcionando ambivalência nas composições ora delicadas, ora agressivas – metáforas do entrelugar.
No imaginário popular, a cultura brasileira pode ser considerada distante e oposta da cultura japonesa – um encontro impossível da água com o fogo. Essa constatação precipitada, não se trata apenas de um equívoco simplista das relações, mas justamente o oposto. Fecham-se os olhos para os encontros possíveis e para as potencialidades culturais que estes dois elementos realizam. Olhar para as produções de Claudia Kiatake é presenciar uma potencialidade dessa cultura e, ao mesmo tempo, refletir sobre a ambivalência – a artista não quer produzir uma arte japonesa, nem tão pouco podemos constatar de que se trata de uma obra ocidental.
Para o filósofo japonês Tetsurô Watsuji, a palavra aidagara, em japonês, significa o campo de possibilidade em que cada indivíduo coexiste e constrói seus distintos caminhos de entendimento e relacionamento diante do Outro. Nosso território, pela riqueza de subjetividades existentes, demanda um tempo estendido para que se possa contemplar e refletir sobre toda complexidade cultural existente. Nem japonês, nem brasileiro, mas um intervalo entre que possibilita transbordar os estereótipos, mostrando que estes intervalos não são imagens impossíveis e utópicas, mas uma realidade própria, e presente.